“Se no passado a economia condicionou a utilização do meio ambiente, sem se preocupar com a degradação e exaustão de seus recursos, atualmente parece ser o meio ambiente que deve condicionar a economia” (Comune, 1994, p. 45-46).

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XI Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica

XI Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica
XI Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (ECOECO) e VII Congreso Iberoamericano de Desarrollo y Ambiente (CISDA) 2015 "Aplicações da Economia Ecológica nas Políticas Públicas Latino-americanas"

domingo, 17 de maio de 2015

Até quando estará disponível a saída via crescimento?

Artigo publicado na Gazeta do Povo, caderno de opinião, 24 de fevereiro de 2013.

Por Junior Garcia

A década de 1970 inaugurou uma "nova fase" do capitalismo, caracterizada pela recorrência de crises. Neste período o capitalismo aportou à sociedade um conjunto quase que simultâneo de crises. Já passamos por crises energéticas, externas, da dívida, financeiras, imobiliárias, mobiliárias, de alimentos e socioculturais. Ainda, a sociedade passou a conviver com uma crise ecológica. Essa visão foi reforçada pelo relatório do Fórum Econômico Mundial, Riscos Globais 2013, alertando sobre o aumento da probabilidade de ocorrência de novos desequilíbrios.
A crise ecológica se mostra como o grande desafio para a sociedade, uma vez que seus efeitos e suas soluções não estão restritos as ações de uma única nação. As inúmeras conferências ambientais são prova de tal desafio, onde nunca há um consenso. A crise ecológica, a elevação dos preços de gêneros alimentícios e a crise econômico-financeira iniciada em 2008 trouxeram a tona um debate que é tratado como um tabu pelos economistas, o limite absoluto imposto pelos ecossistemas ao crescimento econômico perpétuo.
A economia é sustentada pelo constante aumento da produção, não pelo aumento de bem-estar. Mas a base energética e material que sustenta a economia é limitada pela disponibilidade de recursos naturais usados como fonte de insumos ou como depósito de resíduos. Assim, os limites biofísicos do Planeta colocam uma barreira intransponível à expansão perpétua da economia, embora os modelos econômicos adotados pelos governos não incorporem essa perspectiva. Desse modo, o uso do crescimento econômico como uma saída para as crises, para a busca do sonhado "Pibão" ou para o também "sonhado" desenvolvimento dos países pobres talvez não esteja mais disponível.
Essa perspectiva tem sido sinalizada nas conferências ambientais, até reconhecida por alguns governos, mas infelizmente não tem sido incorporada nas decisões e nos modelos econômicos, nem ensinada nas escolas de economia. Ainda, a história tem mostrado que o crescimento não é suficiente para tornar uma sociedade desenvolvida ou mesmo para elevar o seu grau de bem-estar. O "bolo" já estragou. E a recente crise econômico-financeira revelou que os "remédios" prescritos no passado não têm surtido efeito. Talvez até "mate o paciente".
A insistência na busca pelo "Pibão" a qualquer custo tem contribuído apenas para agravar a crise socioecológica, sem efeitos práticos sobre o bem-estar. Por exemplo, os efeitos da redução do IPI para os automóveis quase não afetaram o produto da economia, mas aumentou os congestionamentos, o consumo de combustíveis e as emissões de gases de efeito estufa, sem contar os gastos com saúde.
Neste contexto, qual deve ser a alternativa para a economia brasileira que leve em conta as restrições biofísicas do sistema natural? Quais elementos deveriam compor um modelo econômico-ecológico? A resposta a essas questões passa por uma reformulação dos modelos econômicos que hoje não incorporam a variável ecológica. Além disso, os formuladores de política precisam empreender o aprofundamento de ações efetivamente de longo prazo, que visem incorporar os pressupostos do Desenvolvimento Sustentável, e não apenas a adoção de medidas paliativas de curto prazo baseadas em modelos equivocados. Caso contrário, os custos socioeconômicos seguirão aumentando, porque não existe "almoço grátis".

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cientistas partem rumo ao Grande Depósito de Lixo do Pacífico

Editoria: Meio Ambiente
Quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Quase todos sabem que o plástico não é totalmente decomposto e que a cada dia se acumula mais na natureza. Grande parte desse material descartado tem como destino certo os mares e oceanos e sua concentração é tão alta que formou uma verdadeira ilha flutuante do tamanho da Inglaterra e que se encontra à deriva no oceano Pacífico.
Chamada de “O Grande Depósito de Lixo do Pacífico” (The Great Pacific Garbage Patch), a ilha de plástico se localiza a 1600 km a oeste da Califórnia, em uma área de vórtices ciclônicos criados pela alta pressão das correntes de ar, que produzem uma espécie de redemoinho que atrai e aprisiona o material plástico flutuante. 


terça-feira, 1 de maio de 2012

Limites do possível

Opinião, Rubens Ricupero, Gazeta do Povo, 30 de abril de 2012
Os economistas não querem aceitar que existem limites insuperáveis para o aumento da produção e do consumo. Ciência da escassez na origem, a economia herdou a confiança do Iluminismo no progresso infinito do homem. Só que agora é a própria ciência a declarar que os mercados não podem continuar a viver em expansão contínua.
Para economistas e empresários negacionistas do aquecimento global, o “Relatório Stern” sobre o impacto da mudança climática na economia abria-se com frase chocante: “O aquecimento global representa o maior exemplo de falência de mercado em toda a história”. Infelizmente não é apenas no clima que o produtivismo dos mercados nos aproxima da violação de outros limiares biofísicos. Nove desses limites foram identificados e quantificados pelo Stockholm Resilience Center, que revolucionou a abordagem tradicional da questão, antes concentrada na mudança climática e na extinção de espécies.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Rio+20 deveria propor IPCC da sustentabilidade

Por Giovana Girardi - O Estado de São Paulo, 18 de abril de 2012
Cientista sugere criação de mecanismo de incentivo e revisão semelhante ao dos estudos de clima.
As evidências científicas ainda não estão sendo incorporadas de forma efetiva nas ações em busca do desenvolvimento sustentável, e a Rio+20 deveria trazer, em seu documento final, um incentivo claro para isso. Essa é a opinião que será defendida por um grupo internacional de cientistas na conferência, de acordo com o pesquisador alemão Gisbert Glaser, do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU).

domingo, 11 de março de 2012

Entrevista Peter May

Com Ciência (Revista Eletrônica de Jornalismo Científico), Germana Barata, 10/03/2012

Peter May, economista ecológico fala do papel de liderança do Brasil na Rio+20 e sobre a necessidade de mudança de paradigma na economia mundial.
 Peter May

A economia verde é um dos conceitos chave da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que terá início em 20 de junho no Rio de Janeiro. Embora ele pareça novo, já estava embutido no conceito de desenvolvimento sustentável, que ganhou o mundo, sobretudo, a partir da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, em 2002, na qual os países reafirmaram os compromissos com o meio ambiente firmados durante a Rio 92. Nesta entrevista à ComCiência, Peter May levanta algumas questões e interesses por trás desse conceito.
Especialista norte-americano em economia dos recursos naturais, May veio para o Brasil em 1983 para um doutorado sanduíche e acabou trocando a então maior economia do mundo, pela maior biodiversidade mundial. Naturalizou-se brasileiro e foi um dos fundadores da economia ecológica no Brasil, marcada pela fundação da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, em 1993, e hoje atua como professor associado do curso de pós-graduação em ciências sociais em desenvolvimento, agricultura e sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ao longo dessa entrevista, May fala do papel que o Brasil deve desempenhar na Rio+20 e aborda a necessidade de uma mudança de paradigma na economia mundial. "Desenvolvimento não é a mesma coisa que crescimento", enfatiza. Nesse novo cenário, que se delineia a partir do debate entre as lideranças mundiais, ele defende a necessidade de se criar políticas que garantam o acesso à tecnologias verdes: "os direitos de propriedade intelectual sobre elas devem ser completamente livres". 

ComCiência: Qual será o papel do Brasil na Rio+20?
Peter May: Não tenho visto uma articulação clara por parte do governo brasileiro. Espero que o Brasil possa mostrar uma identidade marcada por opções que tenham sido desenvolvidas para o país, para melhor uso do solo, desenvolvimento de biocombustíveis e outros tipos de energia. Cidades sustentáveis nem tanto – mas há experiências positivas, exemplos muito avançados. Temos coisas para avançar (o debate). Ao mesmo tempo, deveria haver algum tipo de demonstração sobre essa série de mudanças de paradigma, se há algo sendo proposto efetivamente. Como anfitrião, o país tem que ser líder desse processo, ter algum tipo de coordenação e promoção de uma linguagem adequada para os documentos do Rio +20. Em suma, deve haver uma coordenação que marque o evento e seus resultados com a perspectiva oriunda do Brasil. Preocupo-me com a imagem do país perante o mundo, pois muitos têm dito que para as perspectivas internacionais tem sido muito mal visto. Um exemplo é a forma como o Congresso tem discutido e colocado em cena o Código Florestal. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Associação Brasileira de Ciências novamente escreveram uma carta ao Congresso explicitando suas preocupações, pois o Brasil conseguiu reduzir seu desmatamento, mas abriu a possibilidade, com o código, de qualquer exploração dos ecossistemas.


domingo, 4 de março de 2012

Conectado na preservação da Amazônia

O Globo, por Gilberto Scofield Jr, 04 de março de 2012
SÃO PAULO. Desde que teve seu primeiro contato com o homem branco em 1969, a tribo Paiter-Suruí, de Rondônia, viu seu modo de vida e cultura serem ameaçados pela modernidade. Os mais de cinco mil índios de quatro clãs espalhados por aldeias numa área de mata virgem de 2.480 quilômetros quadrados no município de Cacoal foram abatidos aos poucos por doenças, invasões de madeireiros, avanço desordenado do agronegócio sobre a floresta, alcoolismo e o êxodo de nativos à procura de melhores condições de vida. A certa altura, sobraram pouco mais de 250 índios, conta o cacique Almir Narayamoga Suruí, de 37 anos, um dos mais ativos defensores do povo Paiter-Suruí, eleito, em novembro do ano passado, o líder da comunidade pelo Parlamento Indígena.

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sexta-feira, 2 de março de 2012

Mar fica ácido em ritmo sem precedente e vida marinha é afetada

REINALDO JOSÉ LOPES, Folha.com, 02/03/2012
EDITOR DE "CIÊNCIA E SAÚDE"
Os oceanos da Terra estão ficando mais ácidos a uma taxa que parece não ter precedentes nos últimos 300 milhões de anos --uma notícia nada agradável para a vida marinha e para a economia humana que depende dela.
A conclusão está em estudo na revista "Science", que analisou todos os registros geológicos disponíveis sobre fenômenos parecidos.
Apesar da relativa falta de dados no caso dos períodos mais remotos, a equipe liderada por Bärbel Hönisch, da Universidade Columbia, diz que a rapidez das alterações na química do oceano atual é única. "O que estamos fazendo hoje realmente se destaca", disse ela em comunicado oficial.

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